A pandemia do novo coronavírus trouxe diversos problemas econômicos para praticamente todos os países do mundo. Lojas e restaurantes tiveram que ser fechados durante vários meses por causa de decretos municipais e estaduais, muitos outros tipos de comércio também tiveram restrições em suas atividades. Tudo isso fez com que muitas pessoas perdessem seus empregos.
Além disso, outros problemas causados pela pandemia foram os distúrbios emocionais. Com longos períodos de isolamento e pouco convívio social, inúmeras pessoas descobriram ou desenvolveram problemas mentais. Um grupo que foi muito atingido por essa questão é o das puérperas.
Quase 40% tiveram depressão pós-parto
Segundo dados recentes divulgados por uma ampla pesquisa realizada no Brasil entre março e dezembro de 2020, 38,8% das mulheres que deram à luz durante esse período em hospitais públicos do Estado de São Paulo desenvolveram depressão pós-parto. Uma das causas apontadas por especialistas é o sentimento de ansiedade e incerteza que a pandemia de covid-19 gerou.
A média de idade das mulheres que participaram do estudo foi de 30 anos, e de 56 dias após o parto. “A depressão pós-parto ainda é subdiagnosticada. Isso significa que o quadro é muito maior do que conseguimos detectar, tanto na rotina do consultório quanto nas pesquisas. Na pandemia, observamos um aumento expressivo da doença e o principal motivo vem da falta de um dos fatores mais protetivos para as mulheres no puerpério: a rede de apoio, composta pela família e pela vida social”, afirma Patrícia Guillon Ribeiro, psicóloga clínica e professora da PUC-PR.
Importância dos avós do bebê
Especialistas dizem que, no Brasil principalmente, os avós fazem parte da criação e dos cuidados do neto, sobretudo, nos primeiros anos de vida do bebê. Como muitos avós são idosos e, consequentemente, representam o grupo de risco para a Covid-19, eles não puderam ter tanto contato (ou nenhum, em muitos casos) com a mãe e o bebê. Isso agravou muito o problema.
As grávidas e as puérperas também sempre foram tratadas como um grupo de risco para o novo coronavírus, por isso, tiveram que ficar isoladas socialmente durante a pandemia. Esses fatores impulsionaram muito a ocorrência e o diagnóstico de depressão pós-parto.